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Caso Marielle: confira os principais momentos do julgamento que condenou Lessa e Queiroz.

Foto do escritor: Neudo NegreirosNeudo Negreiros

Famílias de Marielle e Anderson após condenação

Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram condenados pelas mortes da vereadora e de Anderson Gomes

O julgamento que condenou os e-xpoliciais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz pelo assassinato de Marielle Franco e de Anderson Gomes, e pela tentativa de assassinato de Fernanda Chaves, foi marcado por muita emoção ao longo de dois dias de audiência no 4º Tribunal do Júri do Rio, no Centro do Rio. Em mais de 20 horas, foram recontados detalhes do crime, o que levou amigos e parentes das vítimas presentes a reviverem as dores com as quais já convivem há mais de seis anos e sete meses. Relembre alguns dos momentos que marcaram o julgamento.

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Beneficiados por delação premiada: a pena de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, assassinos confessos da vereadora Marielle Franco

O fim do julgamento

Investigação antes do crime - Durante sua exposição, o promotor de Justiça Eduardo Martins mostrou imagens de resultados de busca que Ronnie Lessa fez um banco de dados (Sesefácil) sobre a vereadora. O assassino havia tido acesso às fotos e dados de Marielle Franco e de sua filha, Luyara Santos. Ao ver sua foto no telão, Luyara se manteve firme, mas foi acolhida por familiares, que reagiram com surpresa. Minutos depois, ela saiu do plenário e foi acompanhada ao banheiro, onde chorou.

Emoção marca primeira etapa - Marinete da Silva, mãe de Marielle, foi consolada diversas vezes ao chorar enquanto o defensor público Fábio Amado falava sobre os tiros que atingiram Marielle e Anderson. O público se emocionou quando ele relembrou a atuação da vereadora no apoio a familiares de policiais mortos em confrontos e operações.

Sentada ao lado de Marinete, Ághata Reis, viúva de Anderson, também se emocionou ao ouvir o promotor falar sobre o marido, “Pai do Arthur e que dizia que tudo ia ficar bem, dando força e esperança à família, apesar das adversidades”, disse.

Ao término da sustentação do MP e dos assistentes de acusação, todos subiram para o plenário, onde estavam parentes das vítimas, para abraçá-los. Todos ficaram visivelmente emocionados. A defensora Danielle Silva abraçou a ministra e irmã de Marielle, Anielle Franco, que a recebeu com um sorriso. O pai de Anielle, Antônio, recebeu um tapinha nas costas do defensor público Fábio Amado.

Choro de advogada de defesa - Nervosa, a advogada Ana Paula Cordeiro, que defende o ex-PM Élcio de Queiroz, chegou a trocar o nome do Anderson pelo do cliente por duas vezes. No plenário, algumas pessoas riram do equívoco. Ela pediu desculpas aos presentes e, ao terminar suas alegações, chorou. Era o primeiro júri da advogada, chamada para ajudar o réu, primeiro a delatar, em sua colaboração premiada.

— Assumi a responsabilidade deste caso com o compromisso inicial de negociar um acordo de colaboração. Não esperava ter que fazer o júri. No entanto, decidi assumir essa responsabilidade, pois todos têm direito a uma pena justa — explicou a advogada, após o intervalo do almoço.

Mandantes indicados em delação - O advogado de Ronnie Lessa, Saulo Carvalho, começou a apresentar a defesa do réu com a exibição de um depoimento, na delegacia, de uma testemunha do momento do crime, Natan Netuno — que, na época, estava há cerca de 20 anos morando na rua. Além de ele narrar o que viu, como os carros emparelhados, os disparos e o atirador de máscara, a assessora Fernanda ensanguentada, já no fim da gravação Netuno pergunta: "vocês vão chegar aos mandantes?". A defesa do réu confesso destacou a importância da delação dada por ele, no qual indicou Chiquinho e Domingos Brazão como os mentores.

— Se não fosse a colaboração de Ronnie Lessa, nunca teriam chegado — afirma o advogado Saulo Carvalho.

O 1º dia de julgamento

O momento do crime - Única sobrevivente do ataque ao carro onde estavam Marielle e Anderson, a assessora Fernanda Chaves relembrou o que aconteceu na noite do crime, no Estácio, bairro da região central da cidade. Os três tinham saído de um evento na Lapa e seguiam para a Tijuca, na Zona Norte. Ela foi obrigada a sair do Brasil por segurança, e não pôde participar do velório e dos ritos de despedida da amiga.

— Estava tarde, era noite. Estava vazio. Anderson dirigia bem, tranquilamente. O carro era muito escuro, muito microfilmado. Eu e Marielle conversávamos sobre o dia, sobre o ato, evento que tinha acabado de acontecer. E aproveitávamos para falar sobre o dia seguinte, uma reunião importante que ela teria — iniciou Fernanda, recordando-se dos momentos após os tiros. — Eu estava muito ensanguentada, muito suja de sangue e comecei a pedir ajuda, a gritar por socorro; “Ajuda, ajuda. Liga para uma ambulância”. Essas pessoas se aproximaram. Uma mulher ofereceu ajuda. Vi uma mulher atravessando, vindo com um bebezinho pequenininho de colo. Essas lembranças sempre foram difíceis e confusas porque eu não enxergava direito. Meu corpo inteiro ardia. Eu não tinha certeza se tinha sido atingida ou não. Eu olhava para a Marielle lá dentro e queria acreditar que ela estava viva. Que ela... Imaginei que ela pudesse estar desmaiada. Como eu saí tão inteira dali, não queria admitir que ela pudesse estar morta.

Tentei concentrar no alvo': Diante das famílias de Marielle e Anderson, Lessa detalha assassinato

O choque - Por 45 minutos, Marinete Silva, a mãe de Marielle, descreveu os momentos ao lado da filha, desde o nascimento, e contou como a morte impactou a família. Durante sua fala, a emoção tomou conta não só dela, mas também de quem acompanhava o depoimento. Luyara Franco, filha de Marielle, e Anielle Franco, irmã da vereadora e ministra da Igualdade Racial, não contiveram as lágrimas.

Julgamento dos ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz no caso Marielle e Anderson

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