Marçal convida Nunes e Boulos para sabatina; prefeito recusa, mas deputado topa
Pablo Marçal (PRTB), terceiro colocado na eleição à Prefeitura de São Paulo, divulgou um vídeo em suas redes sociais, nesta quarta (23), desafiando o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que disputam o segundo turno no próximo domingo (27), a serem sabatinados por ele em sua conta no Instagram. Boulos aceitou, Nunes descartou.
"Eu chamo sem gracinha, sem diferenciação. Fazer perguntas contundentes, falar o que o povo quer falar e não aquilo que é combinado", disse o ex-coach. "Se um aparecer ou os dois, o pau vai quebrar."
Boulos aceitou o convite, comentando na postagem de Marçal: "Eu topo, nunca fugi de dialogar com ninguém. Será que o prefeito Ricardo Nunes topa? Ou vai fugir?"
Inicialmente, a campanha de Nunes disse ao UOL que não iria se pronunciar. Depois, a jornalistas, o prefeito afirmou que a chance dele comparecer à sabatina é zero. O coronel Mello Araújo, candidato a vice na chapa do prefeito, respondeu na postagem: "Está desempregado? Procurando emprego de jornalista? Vai terminar suas obras na África".
Ele se refere a um projeto de construção de casas populares de Camizungo, em Angola, que o ex-coach cita com frequência como um exemplo de sua atuação em prol da habitação. Das 300 residências prometidas, apenas 42 foram integralmente entregues.
"Bateu o medo aí, coroné? Enfrentar com arma é fácil, bora no argumento aqui", respondeu Marçal.
Não é a primeira vez que o empresário tenta chamar a atenção no segundo turno. Ele já havia condicionado apoio ao prefeito a um pedido de perdão público por parte dele, do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no dia 8 de outubro. Agora, propõe a sabatina.
No primeiro turno, Nunes recebeu 29,48% dos votos, Boulos, 29,07%, e Marçal, 28,14%. A eleição foi apertada também na distribuição geográfica de votos, com nenhuma das três forças se destacando, nem nos extremos pobres, nem no centro mais rico. Neste segundo turno, o prefeito está à frente nas pesquisas, que apontam uma vantagem que vai de 12 a 18 pontos, a depender do instituto.
Marçal fez uma campanha atacando os adversários com mentiras. Acusou a deputada Tabata Amaral (PSB) de ser responsável pelo suicídio do próprio pai, Boulos de ser usuário de cocaína, o apresentador José Luís Datena de ser um estuprador e prometeu prender Nunes. O último ato foi a divulgação, no Instagram, dois dias antes do primeiro turno, de um laudo médico falso que vinculava o candidato do PSOL ao uso de drogas.
Além disso, também é acusado de basear-se em um ecossistema ilegal que remunerava quem produzisse material de campanha que o beneficiava, o que é ilegal. A Justiça Eleitoral ainda analisa as ações movidas contra ele. Caso seja condenado em algumas delas, pode ficar inelegível por oito anos.
Nesta terça (22), Jair Bolsonaro participou de um ato de campanha de Ricardo Nunes em uma churrascaria da capital. No primeiro turno, ele evitou atuar abertamente pela reeleição do aliado após uma boa parte dos que votaram nele em 2022 terem declarado ao Datafolha que prefeririam Marçal ao prefeito.
Nomes do bolsonarismo-raiz acabaram se juntando ao ex-coach na campanha, como os dos deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG), Carla Zambelli (PL-SP) e Ricardo Salles (Novo-SP).
“Eu chamo sem gracinha, sem diferenciação. Fazer perguntas contundentes, falar o que o povo quer falar e não aquilo que é combinado”, afirmou Marçal. “Se um aparecer ou os dois, o pau vai quebrar.”
“Se teve um candidato que teve quase 30% dos votos e quer dialogar com os candidatos que passaram para o segundo turno e discutir sobre propostas, eu não vou me furtar de jeito nenhum. Espero que meu adversário tenha a mesma postura, mas tenho dúvidas”, disse o deputado.
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